Os jogadores do Viva Vôlei jogam juntos desde a categoria de base (Foto: Rodrigo Litaiff/GLOBOESPORTE.COM) |
Conquistar o espaço e o respeito da sociedade, quebrar o preconceito e
jogar vôlei. Esses são os objetivos dos jogadores do time Viva Vôlei, do
município de Caracaraí, sul de Roraima, que é composto, em sua maioria,
por homossexuais. Dos 11 atletas, oito têm "segmento sexual diferente",
conforme disse o oposto Danilo Souza.
Há três anos, todos esses jogadores eram integrantes da equipe do
Centenário. Por causa do preconceito de alguns colegas de time, os
atletas decidiram fundar o Viva Vôlei, que participa de torneios oficias
da Federação desde o ano passado.
- Por sermos homossexuais, ouvíamos sempre as piadinhas todas as vezes
que perdíamos um jogo ou uma competição. Mas sempre jogamos de igual
para igual contra os heterossexuais - afirmou Danilo.
Com apenas dois anos de criação, o Viva Vôlei é destaque nos torneios
em que participa e é uma atração em Caracaraí. Com o passar do tempo, o
time conquistou o respeito dos moradores.
- Somos conhecidos na nossa cidade. Aos poucos conquistamos o nosso
espaço e o respeito da sociedade. A torcida comparece em peso aos nossos
jogos. Os próprios organizadores dos eventos dizem que levamos mais
torcida aos ginásios. Hoje, a aceitação é bem maior- frisou o jogador.
Danilo Souza, do Viva Vôlei, joga como oposto (Foto: Rodrigo Litaiff/GLOBOESPORTE.COM) Família é o alicerce
O início foi difícil. A integração com a família foi a saída para enfrentar as dificuldades do dia a dia.
- Temos o apoio incondicional dos nossos familiares, que estão sempre
conosco. Essa relação foi a base de tudo. Eu aceito a forma de pensar de
uma pessoa preconceituosa, mas quero que ela também aceite a minha
forma de pensar e agir- falou Danilo, que é acadêmico de Direito.
Experientes na modalidade
Quem acha que a equipe do Viva Vôlei participa das competições por brincadeira está muito enganado. Os atletas jogam juntos desde o mirim e não fazem feio dentro de quadra. Ano passado, na Copa Macuxi, o time terminou a competição em terceiro lugar. No torneio 9 de Julho, que está em andamento, o grupo já está na semifinal.
- Treinamos juntos desde as categorias de base. Esse entrosamento vem
de muito tempo. Temos nossos momentos de descontração, mas na hora de
treinar é sério. Jogamos por amor ao vôlei.
Torcedor está sempre presente
Na quarta-feira à noite, o Viva Vôlei entrou mais uma vez em quadra. Desta vez para enfrentar o Real Brasil pela última rodada do torneio 9 de Julho. O vencedor garantiu o primeiro lugar do grupo.
A ex-moradora de Caracaraí, Marene Oliveira, é torcedora de carteirinha
do Viva Vôlei. Para ela, a orientação sexual dos jogadores não
interfere no desempenho do time em quadra.
- Eles têm potencial e jogam com muita garra e força de vontade. Eles
contagiam os torcedores com essa energia. Os adversários sentem essa
pressão e passam a respeitá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário