sábado, 24 de agosto de 2013

Em RR, projeto social de jiu-jitsu resgata jovens da marginalidade Alguns adolescentes se envolviam com brigas de galera, drogas e até com armas de fogo. Atualmente, 94 alunos integram a equipe Roraima Top Team.


Por Alberto Rolla Boa Vista, Roraima

O projeto social do professor Bruno Romão conta com 94 alunos (Foto: Alberto Rolla/GLOBOESPORTE.COM) 
O projeto social do professor Bruno Romão conta com 94 alunos (Foto: Alberto Rolla/GLOBOESPORTE.COM)
 
Em pouco mais de um ano de existência, o projeto social de jiu-jitsu do professor Bruno Romão, no bairro Bela Vista, periferia da capital Boa Vista, já deu grandes resultados, tanto dentro quanto fora dos tatames.


A ideia de abrir um espaço para ensinar a arte suave surgiu com objetivo de resgatar crianças e jovens da marginalidade. Atualmente, 94 alunos integram a equipe Roraima Top Team, sendo 60 crianças.


- O índice de criminalidade no bairro é alto. Os jovens ficavam na rua porque não têm nenhum local para a prática de esportes. Hoje, a diversão deles é treinar na academia. Muitos já saíram das ruas. Os pais pedem para eu dar conselho para os próprios filhos. Formar campeões está em segundo plano - disse o professor.


Com 11 metros de comprimento, a área de treinamento, que fica nos fundos da casa do treinador, foi coberta há menos de uma semana. Quando chovia, o treino era cancelado. A água é servida em garrafas peti, congeladas durante o dia.


Marcelo Matos é um dos exemplos do projeto social (Foto: Alberto Rolla/GLOBOESPORTE.COM) 
Marcelo Matos é um dos exemplos do projeto social
(Foto: Alberto Rolla/GLOBOESPORTE.COM)

 
- Lembro que no primeiro dia dei aula para três alunos. Passamos por muitas dificuldades. Conseguimos com muito esforço cobrir a nossa academia. Ainda quero construir uma pequena biblioteca e um banheiro. Meu outro objetivo é abrir mais um núcleo do projeto - frisou Romão.


Formando campeões

Além de caráter social, os alunos do projeto são destaques em competições em Roraima e no Amazonas. Um deles é Marcelo Matos, de 14 anos, faixa verde. Com sete anos de jiu-jitsu, o jovem coleciona títulos. O apoio da família foi fundamental para os bons resultados nos torneios.


-  O jiu-jitsu transformou a minha vida. Antes eu ficava em casa ou na rua sem fazer nada. Meu sonho é disputar um Brasileiro e Mundial e, quem sabe algum dia, ser reconhecido como um campeão - disse Marcelo, que é campeão do Amazon Open, tri-campeão amazonense, do Roraima Open e da Copa Boa Vista.


Jiu-jitsu muda a vida de irmãos

Dois irmãos, de 13 e 15 anos, foram salvos pelo esporte. Há pouco tempo, os adolescentes eram envolvidos com brigas de galera, drogas e até com armas de fogo. Agora, o jiu-jitsu faz parte da vida deles.


- Antes de treinar me envolvia com brigas de galera e atirava com armas. Já bati e apanhei na rua. Um dia o grupo bateu e esfaqueou um cara num posto de combustível. Cheguei a fumar pasta base de cocaína e maconha. Hoje, a minha vida mudou por causa do esporte. O jiu-jitsu é um meio de vida - confessou o adolescente de 15 anos. 
 

Infância difícil  

O jiu-jitsu entrou na vida de Bruno Romão há 12 anos. Criado praticamente pelos irmãos, o faixa preta começou a trabalhar muito jovem. Hoje, ele e a esposa, trabalham com contabilidade.

- Já vendi picolé e carreguei tijolos. Passei por tudo que esses meninos passaram ou estão passando. Morei toda minha infância num bairro perigoso, mas nem por isso virei um marginal. Meu trabalho é tirá-los da rua - disse

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