terça-feira, 16 de julho de 2013

Atleta de jiu-jitsu com deficiência é exemplo de superação em Roraima Com deficiência congênita nos membros inferiores, Maurício Morais quebra a barreira do preconceito. Ele treina jiu-jitsu e é exemplo para outros atletas

Por Alberto Rolla Boa Vista, Roraima

Nem mesmo a deficiência congênita dos membros inferiores é capaz de tirar o brilho dos olhos de Maurício Morais. O jiu-jitsu foi o único esporte que o atleta de 19 anos conseguiu se adaptar. Há dois anos, ele é exemplo de superação e dedicação.

As dificuldades do dia a dia não são barreiras para o jovem guerreiro. De casa para academia são aproximadamente três quilômetros. A distância é percorrida em cima de uma cadeira de rodas.

Maurício Morais é exemplo de superação no Jiu-jitsu (Foto: Alberto Rolla) 
O jovem atleta teve que se especializar em alguns golpes (Foto: Alberto Rolla)
 
- Antes eu vinha de ônibus, mas muitos não têm elevador. Às vezes, o próprio motorista não quer parar para o deficiente. Então, resolvi utilizar a cadeira. Saio de casa uma hora e meia antes do treino começar. Ainda dá tempo de descansar e conversar com os amigos - explicou.

Maurício Morais é o único atleta de Roraima com deficiência que treina jiu-jitsu. Ele afirma que desde que começou na modalidade, as diferenças ficaram de lado.

- Não sinto preconceito. Muitos me parabenizam, aplaudem e incentivam. Até atletas de outras academias também me apoiam e torcem por mim - frisou o atleta, que é faixa azul de jiu-jitsu. 

Início

O atleta começou a treinar jiu-jitsu na Vila Olímpica. Na primeira competição ficou com a medalha de ouro porque não tinha nenhum concorrente em sua categoria. No final, recebeu um convite do professor Daniel Trindade para integrar a equipe da Associação Trindade de Jiu-Jitsu.

academia Trindade (Foto: Alberto Rolla)Maurício Morais (primeiro da direito abaixado) é exemplo de superação no jiu-jitsu (Foto: Alberto Rolla)
 
- Fiquei feliz e aceitei o convite. Sabia que na academia tinha bons atletas. Foi aí que conheci o mestre Gordinho. Treino porque eu gosto - afirmou  Maurício, que pretende chegar até a faixa preta.
Quase desistiu

A falta de patrocínio quase o fez desistir do jiu-jitsu. Maurício lembra que em três oportunidades perdeu a chance de competir em Manaus. A força para continuar nos tatames vem dos amigos e professores.

- Três vezes paguei as inscrições dos torneios, mas na última hora os empresários me deixaram na mão. Conheço muitos atletas que já desistiram de treinar por falta de patrocínio -

Família
Em casa, o jovem atleta tem apoio somente do pai, Cícero Ferreira. Maurício confessou que sua mãe não gosta que ele treine e nem assiste aos seus combates.

- A minha mãe tem medo de que eu me machuque. Ela não vê as minhas lutas. O incentivo é do meu pai - disse o atleta, que dos três filhos somente ele pratica jiu-jitsu.

Nono golpe (Foto: Alberto Rolla) 
Por causa da deficiência, Maurício Morais criou um
novo golpe, que ainda não tem nome 
(Foto: Alberto Rolla)
 
Novo golpe

Maurício sempre treinou com 'pessoas normais'. Ele explica que no treinamento teve que se especializar em alguns golpes como estrangulamento, mata leão, americana e estrangulamento com lapela. O atleta até inventou um golpe.

- Devido a minha deficência, tive que me especializar em alguns golpes. Treinando com um amigo, até inventei um. Sempre que o meu adversário vacila eu aplico o novo golpe, que ainda não dei um nome -

Orgulho da academia
Para o faixa preta Gordinho, o atleta é um exemplo para todos os alunos e para o próprio professor. Maurício abre os treinamentos, orienta os novatos e até dá aulas.

- É um incentivo tanto para mim quanto para os alunos. Ele está vencendo na vida. É o orgulho da nossa academia. Tem muita gente sem deficiência que não faz o que ele faz. É um milagre -

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