Já se foi o tempo em que os eventos de capoeira reuniam centenas de
praticantes em Roraima. Preocupados com o rumo da arte marcial
brasileira no estado, os mestres Caimbé e Renato resolveram desenvolver
um trabalho de resgate da arte-luta, que é considerada uma expressão
cultural brasileira que mistura esporte, cultura popular e música.
Fundada em 12 de agosto de 2010, a Federação Roraimense de Capoeira
surgiu após os Jogos Roraimenses de Capoeira com a finalidade de
difundir a modalidade no estado, prezando pela união e fortalecimento
dos grupos, de modo a possibilitar que todos tenham acesso à cultura.
Porém, a entidade não vinha desempenhando nenhum projeto.
- A federação existe há três anos, mas não tem muita divulgação. Temos
que fazer com que ela tenha visibilidade. Por isso, estamos à frente das
atividades. O trabalho já está sendo realizado há um bom tempo. A
própria federação nasceu depois de um processo de amadurecimento por
parte dos líderes dos grupos. Tudo é feito em prol da capoeira -
destacou Caimbé.
Os grupos de capoeira desenvolvem projetos para resgatar a capoeira em Roraima (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje, em Roraima, existem sete associações, com média de 100 alunos por
grupo: Senzala (Renato), Abadá (Carnaúba), Angola Palmares (Ongira),
Arte Capoeira (Bahia), Amazônia Capoeira (Geocondo), Raízes Brasileiras
(Caimbé) e o Centro de Capoeira UFRR (Akira).
- A capoeira já foi melhor em Roraima, por isso resolvemos nos unir
para fazer com que a nossa arte volte a ocupar o lugar de destaque.
Vamos resgatar os grandes eventos, como nos batizados que reuniam cerca
de 200 alunos por grupo - lembrou Caimbé.
Alunos oriundos de projetos
Segundo Caimbé, noventa por cento dos alunos que praticam capoeira nas academias são procedentes dos projetos sociais. Atualmente, a média é de 120 atletas por evento. Ele afirma ainda que há o próprio desinteresse do jovem em praticar esportes.
- Os jovens estão muito ligados em jogos eletrônicos. Eu vejo também
uma queda em outras áreas, não somente na capoeira. Temos muitos alunos
dentro dos projetos, mas nas academias a realidade é bem diferente.
Somente os mais antigos continuam treinando. Vamos fazer com que o
público jovem volte a se interessar pela nossa arte - frisou Caimbé.
Queda é geral
De acordo com o mestre Renato, a capoeira está em queda em todo o Brasil. Ele disse que a união dos grupos é o fator principal para conseguir resgatar a modalidade em Roraima.
- A capoeira já teve várias fases ruins. Foi uma queda geral. Em todas
as cidades não têm mais aquela quantidade de alunos. Os jovens estão
procurando o MMA. Eles querem competir, por isso perdemos um pouco. Mas
nós temos um fator positivo: a nossa união. Diferente nos outros
estados. As pessoas têm que entender os benefícios que a capoeira traz.
Estamos tentando mostrar o seu verdadeiro valor - disse Renato.
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